quarta-feira, 25 de junho de 2008

2008 Odisseia fora do Espaço



Passou-se finalmente a tal marca imaginaria e simbólica do século e do milénio. Deixamos já o tão ficcionado ano de 2001 que Kubrick imaginou cheio de viagens espaciais e de altíssima tecnologia. Afinal desta vez a ficção ficou bem aquém da realidade… Sim, porque era suposto que neste ano tudo já fosse programável informaticamente e automático; que as casas inteligentes teriam a servir-nos criados robots ; que o trabalho seria feito essencialmente pelos computadores e que por isso o lazer se estendesse a todos que usufruindo de tempo se entregassem aquilo que verdadeiramente gostariam de ser e de fazer. O sonho do Professor Agostinho da Silva de sermos todos finalmente reformados!
Hoje sorrimos ao pensar em todas estas ficções e lamentamos profundamente que seja este o ano dois mil e oito que construímos. Muito se avançou no campo das novas tecnologias em geral mas o mais importante ficou de facto por fazer !
A riqueza distribuída por todos onde está? Os avanços da ciência ao serviço do bem estar integral do Homem que é feito deles? A alegria de viver; a paz universal; o Homem novo, onde estão todas estas conquistas?
Acaba-se assim um século com a sensação de que nem os avanços sociais ( que os houve indubitavelmente…) servem para justificar tanto foguete e tanta euforia…Porque se neste campo podemos dizer, sem grande erro, que este século findo foi o das grandes utopias sociais também reconheceremos o desastre da sua tentativa de realização; se foi o século da emancipação da mulher ocidental também podemos dizer que foi o do grande sacrifício emocional das crianças e bem feitas as contas a tudo, o saldo não é de todo satisfatório. Porque para os mais despertos as semelhanças com o final do século passado, em termos da consciência humana, são bem gritantes…Com uma única diferença – há cem anos suicidavam-se os intelectuais e os poetas ; hoje os jovens adultos e os adolescentes…
Que civilização iremos construir sobre estas realidades se verá, mas que este não pode ser o único caminho tenho a certeza que não. A própria natureza, como criação divina nega-o em cada dia que passa, basta simplesmente querer ouvir-lhe o seu lamento…
Mas basta também, numa visão optimista, querer avançar para uma sólida e tangível harmonia no futuro feita na base da espiritualidade que devemos partilhar como valor fundamental ao crescimento evolutivo do Ser Humano. Caso contrário passaremos outros 2001 não dentro mas for do “nosso” espaço !

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